Uma entrevista de Stephen Colbert ao Prof. Nassir Ghaemi, fez-me reflectir e verificar que o conceito de “saúde mental” e “anormalidade” continuam felizmente a evoluir, a par da evolução da própria ciência médica e da sociedade em que esta se insere.
(Clique aqui para ver o vídeo da entrevista de Stephen Colbert ao Prof. Ghaemi)
Os depressivos são mais empáticos e têm uma maior noção da realidade que os maníacos ou hipertímicos onde floresce a criatividade, diz Ghaemi. Cada vez mais, ao longo do tempo, se vai desconstruindo o antigo e obsoleto conceito de “pessoa normal”, como aquela que não regista qualquer psicopatologia, para um novo conceito, mais complexo e abrangente, onde a presença de psicopatologia não é necessariamente sinónimo de anomalia ou doença, podendo ser até, em certos casos e em certas circunstâncias, adaptativa e tornar os seus portadores mais “aptos” que as pessoas ditas normais. É o caso clássico dos controladores de tráfego aéreo e dos seus traços obsessivos adaptativos que zelam pela nossa segurança quando voamos.
Outro conceito em voga é que a psicopatologia é normal desde que não induza sofrimento ao seu portador. Como se o “sofrimento”, estando presente, significasse automaticamente “doença” ou “anormalidade”.
Aparentemente consensual é que a psicopatologia é sinal de doença desde que induza compromisso funcional importante – quando impede a pessoa de conseguir trabalhar e funcionar, ganhar o seu sustento e viver com qualidade de vida.
Mas até esta formulação pode ser questionada.
Então em que ficamos?
A “anormalidade” já não é que era…